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imagem: freepik.com

Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação no país, acumula alta de 4,56%. Nesse mesmo período, as carnes subiram  21,17%, enquanto o café moído amargou ainda mais, com alta de 50,35%. Com a disparada dos preços dos alimentos, o Brasil pode recuar no combate à fome, e para reduzir esse  risco, a  engenheira de alimentos Alcinéia Ramos, conselheira na Câmara Especializada de Engenharia Química (CEEQ) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), reforça a urgência de viabilizar medidas contra o agravamento da insegurança alimentar no país.

“Isso envolve diretamente a questão da redução de perdas. Não adianta somente produzirmos, pois produzimos de forma concentrada em certos pontos do país. Temos que fazer esse alimento chegar na mesa do consumidor, e para isso precisamos reduzir perdas: perdas de transportes, condições de estradas ruins, atraso no transporte, onde o alimento acaba se deteriorando no caminho, e também precisamos utilizar a tecnologia como aliada", destaca Alcinéia.

O engenheiro agrônomo Willem Araújo, coordenador técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ressalta que, de maneira geral, as soluções propostas pela engenharia buscam aumentar a capacidade de produção e distribuição de alimentos sem comprometer os recursos naturais. No entanto, ele  pondera que a efetividade das medidas contra o desperdício também depende de outros fatores, como assistência técnica no setor agrícola.

“O pequeno produtor também possui esse problema, o que diferencia é que ele normalmente recolhe esse resíduo e utiliza para a alimentação dos animais, um animal que ele consome ou utiliza como adubo.  Isso minimiza o problema, mas o produtor, mesmo possuindo a condição de produzir um alimento saudável, acaba às vezes necessitando de comprar esse mesmo alimento industrializado, pois não possui condição de conservá-lo, para que possa consumi-lo e aproveitar todos os benefícios que possui", afirma Willem.

Mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos no mundo, o Brasil também é um dos dez países recordistas em desperdícios. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o país desperdiça cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos por ano, uma média de 41 quilos de comida por brasileiro.

 

Ester Tadim
Publicado em
19 Fev 2025
Tipo de publicação
Notícia