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Desde 2019, as barragens do tipo a montante são proibidas no Brasil. A mudança na legislação ocorreu após os rompimentos em Mariana e Brumadinho. Como consequência, a disposição dos resíduos em pilhas passou a dominar o setor de mineração. A coordenadora da Comissão Permanente de Meio Ambiente (CPMA) do Crea-MG, engenheira ambiental Bruna Coelho, destaca que se forem bem geridas, as pilhas representam uma solução mais segura, sustentável e econômica.
“As pilhas de resíduos bem projetadas possuem maior estabilidade estrutural em comparação com as barragens de rejeito, que podem falhar devido à liquefação e à infiltração”, destaca Bruna Coelho. Além disso, segundo a engenheira, as pilhas terão um menor impacto ambiental sobre os corpos hídricos e um menor uso de água, reduzindo também o risco de contaminação de solos e águas subterrâneas.
“Terá também menor necessidade de espaço, uma facilidade de recuperação ambiental e até mesmo a redução de custos de manutenção e monitoramento”, ressalta.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), Minas Gerais abriga cerca de 730 pilhas de rejeitos e estéreis. Com boas práticas de gestão e manejo de resíduos, o uso dessas estruturas de contenção em estéreis podem ganhar outras finalidades. É o que pontua o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), engenheiro de minas Júlio Nery.
“Nós estamos tentando implantar o conceito da formatação da paisagem, que seria adaptar essas pilhas à paisagem existente no entorno. Essas práticas de sustentabilidade levam à possibilidade que, ao descomissionar uma mina ou descomissionar uma pilha, você consiga dar um outro uso para essa área. Temos áreas como o Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte, e a Ópera do Arame, em Curitiba como bons exemplos de reabilitação de áreas de mineradoras” afirma Júlio Nery
Apesar do empilhamento de rejeitos a seco apresentar uma solução mais segura, a estrutura de contenção não está isenta de acidentes. Em dezembro de 2024, uma pilha da mineradora de ouro Jaguar Mining deslizou e atingiu casas na cidade de Conceição do Pará, na região Centro-Oeste de Minas. Para evitar novos episódios, os especialistas reforçam a importância de inspeções e monitoramentos constantes, com uma cultura de segurança de pilhas tão forte quanto a das barragens.